BELEZA

"Queremos escrever o futuro da mobilidade elétrica no Brasil", diz Durieux

ABVCAP  -   19 de abril de 2024

Bernardo Durieux (foto) relembra a fundação da empresa catarinense de gestão de recarga de carros elétricos, e conta como o investimento da EDP deu musculatura e celeridade aos projetos da startup 

O fim da graduação em engenharia de controle e automação na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) foi só o começo de uma revolução no segmento de mobilidade elétrica, empreendida pelo então estudante Bernardo Durieux. Junto a outros três colegas, fundou em 2018 a Voltbras, startup pensada para oferecer uma solução completa para gestão de postos de recarga para veículos elétricos -- da captura de dados dos eletropostos ao processamento de pagamento das recargas no modo autosserviço pelos motoristas através do aplicativo.

A ideia chamou a atenção da multinacional portuguesa EDP, que decidiu investir na Voltbras e dar musculatura e celeridade aos projetos da recém-criada companhia catarinense. "Conseguimos acelerar muito o desenvolvimento e modelos de negócio de algumas funcionalidades aplicadas à mobilidade elétrica, sobretudo na área de tecnologia", conta Durieux, em entrevista à ABVCAP. 

Segundo o empreendedor, um "laboratório bilateral" de troca de ideias e informações foi instalado após o investimento, o que permitiu com que soluções sob medida às necessidades da companhia fossem elaboradas. Isso tudo sem que a Voltbras perdesse o seu caráter independente."Temos muita interação com o braço de operações (da EDP), mas não deixamos de ser uma empresa independente, que atende a outras empresas e que, no limite, colabora com a própria EDP", explica. Confira trechos da entrevista. 

O que motivou a fundação da Voltbras? 

A Voltbras nasceu em 2018, em Florianópolis, do sonho de quatro estudantes de engenharia da UFSC de construir algo relevante para a sociedade. Surgiu da visão empreendedora de que mobilidade elétrica é um mercado ainda pequeno no Brasil, mas que caminha a passos largos, com um potencial muito grande. A empresa surge do desejo de sermos protagonistas de uma nova era, a partir de soluções que acelerem o segmento de mobilidade elétrica. Queremos escrever o futuro da mobilidade elétrica no Brasil. 

Como foi a aproximação da Voltbras com a EDP? 

Sempre quisemos trabalhar com a EDP que sempre se posicionou como pioneira no mercado da mobilidade elétrica. Ligamos, proativamente, ao time de operações da empresa, com o objetivo inicial de vender nossa solução -- e não levantar capital. Apesar da nossa solução ter sido reconhecida, sabíamos que precisávamos de estrutura para atender grandes empresas multinacionais. Então, como a empresa tem um braço de venture capital, a EDP Ventures foi acionada e depois de uma pesquisa ampla, muita conversa, algumas visitas e um projeto-piloto, decidiram investir para que a Voltbras consiga ter a estrutura necessária para ser um dos principais parceiros da EDP na mobilidade elétrica. No fim casamos o desenvolvimento de uma solução inovadora e sob medida à necessidade da EDP. 

De que forma o investimento da EDP deu musculatura aos projetos da Voltbras? 

O primeiro passo foi a criação de um laboratório bilateral. Após o investimento, tivemos um contato maior e conseguimos desenvolver um produto bem mais rápido e totalmente em linha com as especificidades da companhia. A EDP teve o profissionalismo e maturidade de separar as esferas: a Smart, braço de operações, e a Ventures, de investimento. Temos muita interação com o braço de operações, mas não deixamos de ser uma empresa independente, que atende a outras empresas e que, no limite, colabora com a própria EDP. 

Com a estruturação do fundo, como avalia o ‘antes’ e o ‘depois’ da EDP em tecnologia e inovação? 

Quando chegamos, como startup, viemos com força total e celeridade. Projetos com um horizonte de vários anos, propusemos fazer mais rapidamente. Conseguimos acelerar muito o desenvolvimento e modelos de negócio de algumas funcionalidades aplicadas à mobilidade elétrica, sobretudo na área de tecnologia. 

E o 'antes' e 'depois' da Voltbras, após o investimento da EDP? 

 

A EDP foi nosso primeiro grande cliente e parceiro, viabilizado pelo venture capital. Com o investimento realizado, conseguimos alavancar nossos projetos e acelerar muito nosso crescimento, sobretudo na área de tecnologia. Por fim, um primeiro cliente atrai outros grandes clientes.

Em quanto tempo os investimentos realizados no fundo se transformaram em transformações concretas à EDP?

O investimento da EDP Ventures e os recursos que conseguimos obter, já desenvolvemos para a EDP uma solução de gestão de mobilidade elétrica, que já está ativa no mercado em vários eletropostos da EDP e que já possibilita, inclusive, pagamento das recargas efetuadas.

A matriz portuguesa serviu de referência para a incorporação de novas tecnologias?

Ajudou bastante. Pelo fato de a EDP ser uma empresa global, tivemos contato com Portugal, que tinha soluções de mobilidade elétrica mais avançadas, e também de outros países. Quando falamos em inovação, temos que pensar em diferentes culturas e vivências. 

Como avalia o crescimento do segmento de carros elétricos no Brasil desde o surgimento da Voltbras? 

Quando começamos, em 2018, tínhamos de explicar às pessoas o que é um carro elétrico. Hoje, muitas pessoas já têm consciência de que é um caminho sem volta, apesar da incerteza sobre o timing de quando esse mercado vai decolar. Tínhamos preços de carros elétricos inviáveis, ante preços menores atualmente. E as perspectivas são de que, em um horizonte de cinco anos, os preços de carros elétricos sejam mais em conta que os que usam combustíveis. 

Qual a perspectiva para 2021, considerando que a retomada econômica deve ser lenta e gradual?

O cenário é otimista. Por atuarmos em um mercado em ascensão, temos um olhar de curto, mas sobretudo no longo prazo. A pandemia pode ter atrasado alguns projetos, mas não a ponto de comprometer as perspectivas gerais de crescimento, motivadas pela alta nas vendas de carros elétricos. No mercado da mobilidade, a relação das pessoas com o carro está mudando. A nova geração não pensa mais em ter um carro. E isso aponta para um novo paradigma, que também dá margem a oportunidades para nós.

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