ENTREVISTA & DEBATE

Na eleição do Senado, Álvaro Dias batalha entre o bem e o mal

Da redação (Revista Brasília) por Lúcia Guerra |  -   01/02/2019

 Por Lúcia Guerra | Revista Brasília

O Senador Álvaro Dias é oficialmente pré-candidato à Presidência do Senado Federal desde o dia 22 de janeiro. Contudo, essa informação não tem sido veiculada pelas grandes emissoras de TV, em especial pela Rede Globo. A despeito disso, o foco sempre esteve em Renan Calheiros e na disputa interna do MDB com Simone Tebet. Infelizmente, o partido acabou cedendo às pressões e escolheu Renan como candidato oficial da legenda. Renan Calheiros venceu – por pouco – as prévias do partido, pois tem muitos favores a serem cobrados de seus correligionários e o momento de reivindica-los, chegou, na tarde de ontem (31/01).

Renan Calheiros sabe da ameaça que é ter alguém como Álvaro Dias a frente do Senado e do Congresso Nacional. Afinal, o projeto de Álvaro Dias que acaba com o foro privilegiado será aprovado e Renan terá que se eleger Presidente do Senado para escapar das 14 investigações que correm contra ele na Lava Jato. O projeto de Álvaro Dias mantém o foro por prerrogativa de função para os chefes de cada Casa Legislativa, para o chefe do Judiciário e para o chefe do Executivo, ou seja, presidentes da Câmara, do Senado, do Supremo e da República. Por isso Renan está correndo desde outubro para se eleger, ele precisa manter seu foro privilegiado para escapar da cadeia.

Álvaro Dias é um consenso nas redes sociais sobre ser o senador mais bem preparado para ocupar o cargo. Contudo, como não é pelo voto popular que se elege o Presidente do Senado, Dias irá pagar o preço pela sua postura no Congresso Nacional ao longo do tempo. Álvaro Dias representa uma ameaça aos corruptos e corruptores, alheio a qualquer tipo de assédio – via privilégios – nunca se contaminou com a “banda podre” do Senado, o que lhe rendeu a antipatia de grande parte de seus pares. Por outro lado, Renan Calheiros conhece bem o jogo político que vilipendiou o dinheiro público por décadas e que quer fazer perdurar esse sistema.

Segundo dados do IBGE, enquanto os ganhos médios de metade da população brasileira são menores que um salário mínimo, cerca de R$ 750 reais, apenas 10% da população concentra 43% de toda a renda nacional. Os parlamentares fazem parte desse seleto grupo de privilegiados e pressionam os gastos da máquina pública com um orçamento anual de 10,5 bilhões de reais em 2018. Quem paga a conta desse disparate?

Só o Senado custou 4,4 bilhões aos cofres públicos em 2018, um modelo de gestão praticado e chancelado por Renan Calheiros, uma completa “rapinagem” do dinheiro público. Mais de 9.300 funcionários que pesam 3,7 bilhões por ano, despesas ancoradas na arrecadação de impostos dos trabalhadores, que cresce a cada ano. Álvaro Dias já apontou em entrevistas a vontade de reduzir drasticamente os cargos comissionados no Senado e no Congresso, mas com esse tipo de medida, boa para a população e ruim para os senadores ele não conseguirá se eleger. A mídia peca em fazer seu papel de demonstrar força em horas tão decisivas como essa para influenciar os senadores por meio da vontade de seus representantes.

Infelizmente a grande mídia não repercute o que se passa nas redes sociais, como uma enquete com mais de 100 mil pessoas que apontaram Álvaro Dias como preferido para ocupar o comando do Senado Federal com 96% dos votos. Esses fatos não servem para as emissoras, pois não irão perpetuar os repasses milionários que o Governo Federal faz aos canais. É compreensível que a rede Globo encha o noticiário com o caso de Flávio Bolsonaro e esvazie com a Presidência do Senado.

A audiência está voltada para os interesses econômicos que serão profundamente afetados com as novas diretrizes do governo Bolsonaro. Um corte de 70% das verbas para emissoras e a divisão pro rata para todas. O antigo modelo da publicidade oficial, que já saía dos cofres públicos de forma “carimbada”, usando o método da “mídia técnica” baseada na audiência, está com os dias contados. O pouco que restou será dividido igualmente por todas as emissoras. Nada de 50% para a Rede Globo e o resto para o resto.

Na verdade, o governo mal precisa da mídia tradicional, com o advento da internet, instituições como o Instituto Verificador de Comunicação (IVC) perderão sua função. Além disso, o próprio Senado tem uma das mais equipadas emissoras de TV, de rádio e um extenso parque gráfico que não perde em nada para os canais de mídia. Isto é, se a mídia não faz seu papel de 4º poder para pressionar os governantes, ela perde sua precípua função de aliada da população. O povo está reinventando a mídia por meio das redes sociais, falando diretamente com seus destinatários.

Nos últimos 15 dias, todo noticiário foi uma nítida campanha “subliminar” para o MDB, ao “focar” apenas na disputa interna da legenda, entre Renan Calheiros e a senadora reeleita Simone Tebet (MS). Por que só as redes sociais divulgaram maciçamente que Álvaro Dias era um forte candidato? A conspiração contra o senador Álvaro Dias vem desde suas trocas de partido, quando descobriu que a vontade política se sobrepujava ao bem público. Em todas as legendas por onde passou a tônica era a mesma, projetos de poder, interesses particulares, propinas, chantagens, blindagens aos investigados, barreiras à Lava-jato etc.

Com essa postura, Álvaro Dias se isolou de muitos senadores e acabou por perder o prestígio das câmeras. Afinal, defender redução de gastos com propaganda gera dois tipos de reações: ataques ferozes como os que acontecem a Flávio Bolsonaro, ou total esquecimento como está acontecendo com Álvaro Dias. Os microfones das emissoras de rádio não procuraram transmitir o que ele tem a dizer, mesmo que suas propostas sejam as melhores para a nação brasileira.

Em contrapartida, na mídia digital o movimento anti Renan Calheiros e pró Álvaro Dias cresce exponencialmente. Assim como a vontade popular de que a votação para a Mesa Diretora do Senado e da Câmara aconteça abertamente, para que os eleitores possam cobrar de seus representantes um voto íntegro, pautado no bem comum e não no “rabo preso”, na dívida adquirida com Renan Calheiros.

O povo quer transparência, o brasileiro não suporta mais figuras como Renan Calheiros a frente do Congresso Nacional, representando a velha política, o jogo de favores, vantagens, a corrupção de outrora. Certamente, Álvaro Dias é o candidato mais bem preparado e mais bem respaldado pela população. Ele tem legitimidade e coragem para promover as mudanças que o Brasil tanto precisa. Sua posição está completamente alinhada aos ditames do Ministro Sérgio Moro para empoderar a Lava-jato e promover uma faxina ética no Congresso Nacional e em todos os órgãos públicos.

O posto de Presidente do Senado é demasiadamente importante para ficar nas mãos de Renan Calheiros. Já se cogita uma aliança de todos os outros senadores em prol da candidatura de Álvaro Dias. Em um possível segundo turno será a batalha do bem contra o mal. A vontade popular de renovação, de honestidade e transparência ao lado de Álvaro Dias, a vontade dos senadores de manter seus privilégios, de se defenderem de investigações e de perpetuar a farra do dinheiro público ao lado de Renan Calheiros. A grande mídia inerte, tendendo para o lado que melhor lhe convir, e o povo com a única opção de gritar nas redes sociais, de sair às ruas e de se manifestar contra Renan e a favor de Álvaro Dias.

 Lúcia Guerra é jornalista e escreve para vários sites sobre política.

  |  Jornalista. DRT-DF 12054

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