BRASIL

Sem patrocínio, atleta brasiliense se consolida entre as melhores do mundo na Luta Olímpica 

DA REDAÇÃO (REVISTA BRASÍLIA), COM Mário Benisti. Foto: Arquivo Pessoal.  -   23 de abril de 2024

A cidade de Tallinn, na Estônia, recebeu no início de agosto o Campeonato Mundial de Luta Olímpica. Em meio a diversos desafios em diversos quesitos, o Brasil foi representado por duas atletas na competição. 

Entre as integrantes esteve a atleta Ana França, nascida da cidade do Paranoá, Cidade-Satélite localizada cerca de 20 Km da Praça dos Três Poderes da República.  A brasiliense de apenas 19 anos detém diversos títulos em seu histórico, dentre eles: 

* 09 medalhas do Campeonato Brasileiro; 
* Campeã da copa Pat Swal Guatemala de 2019; 
* 3ª colocação no mundial de Best Wrestling no Rio de janeiro de 2019; 
* 2° lugar no mundial Sem Ladies Open nos Estados Unidos de 2019; 
* Campeã Pan-Americana na Guatemala em 2019.

Ao avaliar a experiência em participar da competição que foi consagrada entre as melhores atletas na categoria 57kg no Ranking Mundial Júnior, Ana França relatou que a falta de patrocínio é um dos principais empecilhos para o Brasil se tornar referência no Esporte. Apesar de todas as dificuldades que tem enfrentado para conseguir apoio, a brasiliense se mostra persistente em não desistir de realizar o sonho de ser campeã mundial e se consolidar como uma das referências na Luta Olímpica.
 
“Fiquei na 11ª colocação mundial e na frente de países muito bons, como o Canadá, Turquia, Cazaquistão entre outros. A experiência foi muito boa, mas fiquei decepcionada em saber que o Brasil infelizmente não irá avançar do jeito que está. Ainda tenho muita esperança que essa situação mude”, manifestou. 


Dificuldades

Apesar da esperança de que o cenário tende a mudar, a atleta demonstra estar desmotivada. A falta de incentivo e patrocínio, segundo Ana França, são barreiras difíceis de serem ultrapassadas. 

“Com o pouco que tenho não terei condições de ir longe, pois vejo que consegui fazer além do possível. Não tem como comparar as estruturas de treinamento do Brasil com outros países, principalmente os participantes da competição. Eles têm uma tradição de investir de maneira maciça no Esporte. O Japão, por exemplo, trouxe atleta para competir em todas as dez categorias que tinha na disputa. Resultado: todas elas [as categorias] levaram medalha para casa. O Brasil, por outro lado, foi representado de maneira precária por apenas duas atletas”, explica.


Com a palavra, a Confederação

De acordo com a Confederação Brasileira de Wrestling (CBW), a passagens “da atleta Ana França e de seu técnico José Neto foram financiadas pelo Programa Compete Brasília do Governo do Distrito Federal (GDF) ”, informou a entidade. Ainda segundo a CBW, “a taxa de participação da atleta e do treinador foi financiada com recursos da CBW, oriundos da Lei Agnelo-Piva”. 

Após a entrada do novo Governo Federal, a entidade que representa os atletas de Wrestling disse que “não houve ainda abertura de diálogo e as ações realizadas são fruto de programas remanescentes do governo anterior”.

Ao comentar sobre Políticas Públicas para a categoria, o CBW ressalta que faltam programas de incentivo à modalidade. “Infelizmente não sentimos nenhuma mudança positiva em relação ao nosso esporte até o momento”, diz a CBW.


O outro lado

A Secretaria Especial do Esporte se posicionou sobre o caso. A pasta informou que são investidos anualmente uma quantia de R$ 2,4 milhões em patrocínio de 155 atletas. Sobre o patrocínio voltado à atleta Ana França a Secretaria Especial do Esporte disse que a atleta “não é apoiada atualmente por não atender aos requisitos e prazos estabelecidos no Edital 03/2018”. No entanto, a pasta declara que patrocina através do Bolsa Atleta todos os convocados para o Campeonato Mundial 2019 de Wrestling, que acontece em setembro. 

Ainda segundo a nota do órgão governamental, existe uma parceria com a CBW na qual se “utiliza as instalações da Arena Carioca 2, no Parque Olímpico da Barra, para realização de treinos da equipe principal, sub17 e Júnior, além de oferecer escolinha gratuita para crianças”, todas as instalações sediadas no Rio de Janeiro, apenas uma das 27 capitais.

 A Secretaria Especial do Esporte destacou que “não foram formalizados convênios entre o governo federal e a CBW nos últimos três anos devido à inadimplência da entidade esportiva”, disse.

 

Atualização


Após a publicação da reportagem, a atleta Ana França informou a nossa equipe que mesmo sem patrocínio, detém apoio de algumas empresas. São elas:
* Salute; 
* Sacolão do Povo; 
* Academia Dalmo;
* Academia Borywork;
* Açaí Boca Roxa;
* UPIS;
* Cerrado MMA;
* Lar Madre Eugenia e 
* Primo Piato.
 

 

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